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Ao deixar Israel, Bolsonaro diz que agora "vai jogar pesado" na reforma da Previdência

03-04-2019

 
Antes de embarcar, presidente afirmou que não quer encrenca com ninguém, referindo-se ao povo árabe. Na terça (2), ele foi ao Museu do Holocausto e falou que nazismo é de esquerda.
 

Após 4 dias de visita oficial a Israel, o presidente Jair Bolsonaro está voltando ao Brasil. O avião do presidente e sua comitiva decolou do Aeroporto Internacional Ben Gurione, em Tel Aviv, na madrugada (horário brasileiro) desta quarta-feira (3).

Ao deixar o hotel em Tel Aviv, Bolsonaro falou com a imprensa. Disse que anda cansado, que o foco do governo agora é a aprovação da reforma da Previdência, que está disposto a dialogar com o Congresso e que não quer encrenca com o povo árabe.

 

Previdência

 

“Vamos jogar pesado na [reforma da] Previdência, porque é um marco. Se der certo, tem tudo para fazer o Brasil decolar”, afirmou.

 

Ele voltou a dizer que o Congresso é soberano para fazer alterações na proposta. “O deputado, na ponta da linha, sabe onde o calo aperta. A boa Previdência é a que passa. Quem vai bater o pênalti é a Câmara, e depois Senado”, afirmou.

 

“O Parlamento é soberano para fazer os polimentos. Gostaria que passasse como chegou. Mas não existe projeto que não tem mudança, é coisa rara de acontecer”.

 

 

Cansaço

 

Bolsonaro diz estar preocupado com sua saúde. Ele sabe que terá agenda intensa quando desembarcar em Brasília nesta quarta, e na pauta estará justamente a reforma da Previdência. O presidente, no entanto, afirmou que está disposto a se reunir com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e outros parlamentares e políticos.

 

“Doria está planejando jantar na sexta (5). Mas a batida está muito forte”, reclamou. “Eu tenho que enfrentar”, disse sobre a agenda de reuniões.

 

Empregos

 

O presidente falou, também, que governo está elaborando Medida Provisória (MP) para auxiliar na geração de emprego, mas não deu detalhes. “O objetivo é tirar o estado de cima do empreendedor”, afirmou.

 

Árabes

 

Bolsonaro disse que foi convidado a visitar países árabes, embora não tenha revelado quais países o convidaram.

 

“Fui convidado por vários países árabes [para fazer visita]. Não estamos procurando encrenca com ninguém. Quero é solução! Todos aqueles que puderem fazer negócios conosco, da minha parte, vão ter todo carinho e consideração. Mas tenho que respeitar o Estado de Israel. Respeito o povo palestino. Mas não posso concordar com grupos terroristas, pois estaria contra a minha biografia que combatia esse pessoal da ‘esquerdalha’ desde 70, quando era garoto. Meu compromisso é com Israel”.

 

 

100 dias de governo

 

Segundo Bolsonaro, seu governo está no rumo das metas que havia planejado para os primeiros 100 dias. “Mais de 90% será atendido. 10% será parcialmente atendido. Meu planejamento deu certo, pois saí do ‘zero’ e hoje sou presidente”, comparou.

 

Escritório comercial em Jerusalém

 

No último domingo (31), no primeiro dia de sua visita oficial a Israel, Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório comercial do governo brasileiro na cidade de Jerusalém, considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos e que não é reconhecida internacionalmente como capital israelense.

 

Autoridade Palestina condenou a decisão e anunciou que vai chamar de volta ao Oriente Médio o embaixador no Brasil para consultas, o que no protocolo diplomático significa uma grande insatisfação e reprovação por parte do governo palestino.

 

Em Israel, Bolsonaro se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, foi ao Muro das lamentações e também se encontrou com empresários.

 

O presidente Jair Bolsonaro ao lado de Benjamin Netanyahu, em visita ao Muro das Lamentações, em Jerusalém nesta segunda-feira (1º) — Foto: Reprodução/GloboNews

O presidente Jair Bolsonaro ao lado de Benjamin Netanyahu, em visita ao Muro das Lamentações, em Jerusalém nesta segunda-feira (1º) — Foto: Reprodução/GloboNews

 

O presidente Bolsonaro também anunciou a assinatura de seis acordos com o governo israelense. O primeiro trata de entendimentos para cooperação em Ciência e Tecnologia, com o objetivo, de acordo com o Itamaraty, de "desenvolver, facilitar e maximizar a cooperação entre instituições científicas e tecnológicas de ambos os países com base nas prioridades nacionais no campo de C&T e nos princípios de igualdade, reciprocidade e benefício mútuo, e de acordo com as leis nacionais".

 

Também foi assinado um acordo sobre segurança pública. Outro ato trata de entendimentos sobre cooperação em questões relacionadas à defesa para "promover a cooperação entre as partes".

 

'Nazismo de esquerda'

 

 

Na terça (2), Bolsonaro afirmou em Israel não ter "dúvida" de que o nazismo era um regime de esquerda. Ele deu a declaração após ser questionado se concorda com a opinião do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que o nazismo era de esquerda.

 

"O senhor concorda com o seu chanceler de que o nazismo foi um movimento de esquerda?", indagou um jornalista a Bolsonaro.

 

"Não há dúvida, não é? Partido Socialista, como é que é? Da Alemanha. Partido Nacional Socialista da Alemanha", respondeu o presidente.

 

Conforme o comentarista Guga Chacra, da GloboNews, o partido citado por Bolsonaro tinha o objetivo de expandir a presença dos arianos, não a esquerda. O comentarista acrescentou ainda que Bolsonaro é filiado ao Partido Social Liberal (PSL).

 

Mais cedo, também na terça, Bolsonaro visitou o Centro Mundial de Memória do Holocausto, em Jerusalém. O museu afirma que o nazismo era de direita.

 

O nazismo consistiu em um movimento nacionalista durante o regime de Adolf Hitler que pregava a superioridade dos arianos e perseguia judeus. O nazismo, reforçam historiadores, se dizia justamente contrário à esquerda, ao comunismo e ao socialismo.

 

'Fraude intelectual'

 

A fala do ministro Ernesto Araújo, com a qual Bolsonaro disse concordar, foi criticada por historiadores ouvidos pelo Jornal Nacional.

 

Para Antonio Barbosa, historiador da Universidade de Brasília (UnB), falar que o nazismo é um fenômeno de esquerda é uma "fraude".

 

"Uma fraude intelectual e uma releitura completamente equivocada da própria história. É como se fosse negar o fato histórico que aconteceu na Alemanha nos anos 1930, nos anos 1940. Esse é o primeiro ponto. O segundo é que o nazismo se justifica como a oposição mais vigorosa ao socialismo, à esquerda, ao comunismo. [...] No caso da política externa, isso é extremamente perigoso porque mostra ao mundo uma visão sectária, radicalmente sectária no Brasil, o que não é bom para o país", afirmou.

 

Para Ruth Bem-Ghiat, historiadora especializada em fascismo e autoritorismo pela universidade NYU, de Nova York (EUA), o ministro tem que reler os livros de história. Ruth reforça, ainda, que dizer que o nazismo e o fascismo são de esquerda é um "absurdo".

 

'Besteira completa'

 

Em entrevista ao jornal "O Globo" em setembro do ano passado, o próprio embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, afirmou ser uma "besteira completa" dizer que o fascismo e o nazismo são movimentos da esquerda.

 

"Isso não é fundamentado, é um erro, é simplesmente uma besteira", acrescentou.

 

Nazismo era de direita, diz museu visitado por Bolsonaro

 

O próprio Centro Mundial de Memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, visitado por Bolsonaro na manhã desta terça (2), diz o contrário do que o presidente afirmou. O museu relembra o genocídio de seis milhões de judeus pelo regime nazista.

 

No site da instituição, há um breve histórico sobre a ascensão do Partido Nazista na Alemanha no qual afirma que o regime fez parte de "grupos radicais de direita".

 

"Junto à intransigente resistência e alertas sobre a crescente ameaça do comunismo, criou solo fértil para o crescimento de grupos radicais de direita na Alemanha, gerando entidades como o Partido Nazista", afirma o museu.